Dúvidas
Meio ano, nenhuma resposta
Grupos de mulheres realizam vigília às 19h30min desta quarta em busca de explicações para caso dos exames citopatológicos
Gabriel Huth -
Mais de seis meses após as primeiras denúncias de fraude na realização dos exames citopatológicos na rede pública de Pelotas, a busca por respostas segue esbarrando em pontos de interrogação. Até o momento, nenhuma certeza foi dada ao público. Pelo menos três mulheres foram a óbito, vitimadas por câncer de colo de útero, após exames apresentarem negativos erroneamente. Em busca de explicações definitivas, grupos de mulheres promovem nesta quarta-feira (16), a partir das 19h30min, uma vigília em frente à prefeitura.
O ato estava marcado para esta terça-feira, mas em função das condições climáticas, foi adiado. O coletivo Mobilização Pela Vida das Mulheres Pelotenses, que engloba mulheres ligadas a diversos outros grupos, sindicatos, instituições e movimentos feministas, participa da organização. Elas costumam fazer vigílias mensais e, segundo Niara Oliveira, também participante do Grupo Autônomo de Mulheres de Pelotas (Gamp), o clima normalmente é de luto. "É um tom fúnebre porque a gente quer lembrar as vítimas". Ela diz que o ar de indignação e desolação tornou-se parte das reuniões dos coletivos pela falta de respostas.
Representante de uma mulher cujos exames apresentaram resultados negativos, mas foi diagnosticada com câncer de colo de útero em estágio avançado, a advogada Jaqueline Machado também lamenta a falta de respostas. "Nenhuma atitude foi tomada ainda". Ela diz que, em reunião com a prefeitura, foram prometidas melhorias na comunicação interna, para evitar que denúncias de novos erros se percam. Sua cliente está fazendo acompanhamento médico.
Posição da prefeitura
A titular da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Ana Costa, diz que aguarda a investigação do Ministério Público (MP) para tomar posições concretas sobre o tema. Em um primeiro momento, o contrato com o laboratório responsável pelas análises foi cancelado e o serviço passou a ser feito em Porto Alegre. Ela diz que a atitude foi tomada para evitar suspeições e gerar confiabilidade para quem continua dependendo da rede pública para fazer os exames de Papanicolau. "A denúncia é complexa. Apenas com prova pericial (dá para ter certeza)".
Ela diz que a auditoria interna apresentará resultado aos hospitais quando for concluída. Quanto à melhoria na comunicação interna, revela que o programa Gabinete Itinerante, ainda em fase piloto, busca aproximar a secretaria das diretorias das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), gerando diálogos e observações sobre como o serviço público é realizado.
Linhas de investigação
Além da sindicância interna da prefeitura, pelo menos três outras frentes de investigação foram abertas. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara de Vereadores ouviu diversas pessoas. Porém, desde 18 de setembro parou, com a saída de Marcos Ferreira - Marcola (PT) da presidência. O prazo acabou e CPI não teve solicitação de prorrogação, acabando sem apresentar qualquer resultado.
O Departamento de Auditoria do Sistema Único de Saúde (Denasus), do Ministério da Saúde, esteve na cidade no último mês. Com quatro pessoas na equipe, ficou por uma semana estudando o caso, dentro da SMS. Os resultados, no entanto, ainda não foram apresentados. Todo o processo envolvendo a auditoria foi mantido em sigilo.
Já o Ministério Público, que dias após o surgimento das denúncias recolheu 17 mil lâminas com análises e entregou ao Instituto Geral de Perícias (IGP) de Porto Alegre, sob segredo de Justiça, para nova análise. Recentemente, em entrevista ao Diário Popular, a promotora responsável pelo caso, Rosely de Azevedo Lopes, disse não ter prazos estipulados, mas acredita que algum resultado será apresentado até março.
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